TACV: Voos Para Aflição
relativamente ao despedimento dos 150 trabalhadores dos Transportes Aéreos de Cabo-verde (TACV). Enquanto de um lado, a empresa apontava razões financeiras e erros do passado (provavelmente, na gestão dos recursos humanos) para explicar a sua incómoda decisão; do outro, os trabalhadores, a comunicação social e uma parte da sociedade explorava o drama do preço que uma centena e meia de pessoas teve que pagar para manter, temporariamente, a transportadora área nacional a voar com saúde. Sem a intenção de chover no molhado, procura-se fazer aqui uma leitura sobre o que pensa o cidadão cumum sobre a companhia em causa. Pouco se sabe acerca do cargo ocupado e funções desempenhadas por estes trabalhadores que, há bem pouco tempo, julgavam-se sortudos por fazerem parte de uma empresa notória e fina. Contudo, conjectura-se que sejam, provavelmente, pessoas contratadas à pressa. Uma vez que não se enquadram no projecto estratégico da empresa, que, na altura da sua contratação era algo que nem se quer se discutia. Eram outros tempos…de vacas gordas.
Consequentemente, as organizações são aquilo que os seus colaboradores e gestores de topo pensam e fazem; por isso, gerir com inteligência os recursos humanos, implica a cultura de formação e reciclagem, baseadas na monitorização contínua do desempenho dos funcionários como garantia de qualidade e sucesso. Este assenta, claramente, na definição rigorosa e estratégica de uma missão que constitui uma referência diária para o desempenho da organização e razão para a sua aprendizagem permanente.
Por essa razão, a transportadora área cabo-verdiana, bendita TACV, tal como fez as grandes empresas do seu ramo, deve traçar um objectivo simples e humilde: garantir a
satisfação dos seus clientes. Neste sentido, em terra e no ar deve ter funcionários à altura de garantir que quem escolhe viajar nos seus Boeing e ATR, tenha motivos acrescidos para voltar a fazê-lo, voluntariamente, o mais rápido possível. Neste sentido, o lema – “TACV: o Prazer de Viajar Bem”, parece gasto, oco e desajeitado em termos de estratégia de marketing. Sentimos orgulho em viajar à bordo dos TACV (sobretudo, na rota Portugal-Cabo-verde) porque somos cabo-verdianos; não porque sentimos confortáveis e conformados com a nossa sorte. Pagar tão caro, por uma viagem tão curta e aflita para a carteira.Notas de rodapé.
O Edukamedia faz votos que os 150 trabalhar despedidos encontrem brevemente novas ocupações. Para os actuais trabalhores, JMN, o primeiro-ministro, disse, ontem, na Assembleia Nacional que a reestruturação dos TACV, ou melhor, o seu processo de saneamento financeiro não significa que tem que haver, necessariamente, novos despedimentos. Esperemos que assim seja.










