segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Obama à Caminho da Casa Brança

No dia em que os negros fazem história (em Hollywood) vale a pena dizer que é este o nosso mundo.
José Alberto Carvalho, RTP.

A frase de abertura deste texto foi proferida no fecho do telejornal da rpt, decorria o ano 2002, altura em que, pela primeira vez na história, a academia americana premiou, com estatueta doirada, dois negros – Denzil Washington e Halle Berry – na categoria de melhores actores. Passado estes anos, a frase perdeu, para uns, a actualidade, mas, para muitos afro-apaixonados, ela soa com um desafio contínuo à “raça” africana: de superar as expectativas de quem nos olha com esguio, provando-lhes que somos capazes de inverter a história e cantar um fado mais alegre. Neste sentido o trabalho árduo conjugado com o sentido de oportunidade e estratégia consertada pode servir-nos como eixos estruturantes.
A invocação dessa frase veio à ribalta este fim-de-semana quando soube da notícia que Barack Obama, afro-americano, filho de um economista Queniano e de uma americana do Kansas, declarou oficialmente a sua entrada numa corrida cuja meta é a Casa Branca, em Washington, agendada para 2008. Dizem os críticos que este senador eleito na lista do Partido Democrata encarna a figura que a américa tem de si mesma: jovem, carismática, optimista e mestiça. Contudo, a sua reduzida experiência política confere-lhe um certo realismo: considera ser audacioso o anúncio da sua candidatura, numa altura em que Hilary Clinton acredita que ser desta que américa elege uma mulher para dirigir os seus destinos. A fazer fé, obviamente, na série televisiva A Senhora Presidente (risos).
Como “não há fome sem fartura”, do lado Republicano, a também afro-americana, Condoleezza Rice é tida como provável candidata. Contudo, apesar de inteligente, experiente, carismática, motivada e com espírito de liderança, etc., à partida apresenta um grave handcape: pertencer ao núcleo duro e idiota da administração Bush e o cargo que ocupa ser um verdadeiro “murro no fio da navalha”. Pois confere-lhe o título de carrasco dos jovens militares norte-americanos que se sucumbem a um ritmo bastante avassalador no Iraque, numa guerra germinada na mentira e ceifadora de vidas inocentes, com final imprevisível à vista desarmada. Como em tudo, o preço a pagar, na parte que lhe compete, pode sair caro…
Concluindo, fazer futurologia em política condena à partida o seu autor: um ano em política é uma eternidade, diz Marcelo Rebelo de Sousa. Porém, cá estaremos, certamente, para no mínimo observarmos um negro e uma negra (?) numa luta renhida para cantarem um fado mais alegre e afro para américa e para o nosso mundo.

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