sábado, janeiro 13, 2007

A Procura (Des)encantada da Educação: um olhar cruzado sobre o diploma e o (des) emprego (II)

Além do motivo acima expresso, a escola constitui, ainda hoje, em muitas sociedades dispersas pelo globo (partidárias dos valores éticos e morais), possivelmente, o único meio credível para a mobilidade social. Estudos que compararam o percurso escolar dos jovens que optam pelo mercado de trabalho com ou sem escolaridade obrigatória e aqueles prolongam os estudos, sugerem que a continuação dos estudos acaba sempre por trazer vantagens. Por essa razão, a educação constitui, apesar das notícias difundida pelos media, como sendo um investimento sem risco. Mesmo que inicialmente seja difícil fazer a ‘descolagem’, os frutos não tardam em aparecer: saber esperar (movimentando-se), também é, de per si, uma questão de inteligência.
Recentemente, Joaquim Azevedo, professor da Universidade Católica Portuguesa, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, apresentou-nos um trabalho de pesquisa que nos ajuda, senão a compreender o problema na sua totalidade, ao menos ter elementos para uma interrogação fundamentada. O estudo (longitudinal) comparou o percurso dos jovens que, em 1999, concluíram o 9.º ano (escolaridade obrigatória) e os continuaram até ao 12º, e chegou às seguintes conclusões:
  1. os alunos com baixa escolaridade têm empregos (precários), mas estáveis; ganham menos e permanecem nos seus postos de trabalho sem grandes aspirações e possibilidades de mudança;
  2. os alunos com 12.º Ano têm empregos mais instáveis, uma vez que mudam constantemente de emprego, na procura de melhores condições de trabalho, adequando a situação profissional às suas aspirações de vida.

Para finalizar este texto, que não se pretendia tão extenso, importa reanalisar a forma como olhamos para a escola. Esta instituição apresenta fragilidades que, por exemplo, as situações de desemprego fazem zoom e que não são únicas. Contudo, fazer da escola o meio para florescer a nossa vertente criativa e uso da competência de imaginar soluções virgens para os problemas e necessidades da sociedade parece ser o futuro das escolas. Ir à sala de aula passear os livros é algo desajustado; "não cola", fazendo uso da gíria juvenil, para a realidade competitiva da presente época.
Ser empreendedor; Compreender as mutações do mercado de trabalho, ou seja, Educar para as Carreiras; e Apostar no desenvolvimento económico como motor de emprego parecem ser as alternativas mais viáveis para desenvolver uma sociedade com menos desemprego. Isto porque, passar uma parte significativa da vida a "queimar as pestanas", à luz dos candeeiros a petróleo (podogó), velas, e, para alguns, a luz eléctrica, a semear nos livros, cadernos e sebentas a esperança de um futuro melhor, estar sem emprego constitui uma traição emocionalmente incompreensível.