segunda-feira, outubro 16, 2006

O Lugar do Negro

A história altera-se, às vezes, com pequenos gestos. Este texto mostra-lhe como. Quando andamos de transportes públicos, nomeadamente, de autocarro, cedemos o nosso lugar, em condições especiais, aos portadores de deficiência, às pessoas mais velhas, idosas, grávidas ou até a uma mulher vistosa, em sinal de cavalheirismo ou, então, de um favor desinteressado (risos). Tudo isso, em nome das convenções sociais. Todavia, dar lugar a alguém que não se encaixa no perfil anterior era comum nos Estados Unidos da América (EUA), durante o período segregacionista. Os negros usufruíam de menos direitos em relação à raça branca, por essa razão, nos transportes públicos, não lhe era reservado o direito a viajarem sentado se estiver um branco de pé. Apesar de ser injusta, essa lei era seguida sem contestação pública pelos negros. Assim foi, provavelmente, até às 00h00 do dia 30 de Novembro de 1955.
No dia 1 de Dezembro de 1955, Rosa Parks, uma negra, costureira de 42 anos, apanhou o autocarro numa das paragens de Montgomery, Estado de Alabana e sentou-se, por instinto, num lugar vago. No entanto, um homem branco exige-lhe o seu assento (lugar) ao que ela, curiosamente, recusou com veemência. Ao pôr em causa uma lei que achava descabida, Rosa Parks, não chegou ao seu destino. Foi levada à esquadra; presa e multada em 14 dólares.
A atitude de Rosa foi violentamente criticada pelas pessoas da “raça branca” e aplaudida pelos negros. Estes, em resposta aos críticos, boicotaram os autocarros da empresa onde ocorreu o incidente durante 381 dias, culminando assim, com a sua falência. O mentor desta ideia foi um desconhecido pastor de uma igreja Batista, de nome Martin Luther King. As manifestações contestatárias à lei segregacionista culminaram em 1964, com a aprovação pelo congresso da lei que aboliu a descriminação racial nos EUA: a lei dos direitos civis.
Rosa Parks, ao ser ameaçada de morte e incapaz de encontrar trabalho na sua cidade natal, casou-se e foi viver com o marido para Detroit, Michigam, onde fundou o Instituto Raymond Paks. Em 1996, recebeu das mãos do presidente norte-americano, Bill Clinton, a medalha da liberdade, distinção seguida, em 1999, pela mais alta condecoração dos EUA, a medalha de ouro do Congresso.
Ao comentar o seu acto heróico, Rosa disse: - “senti que tinha o direito de ser tratada como os outros passageiros. Já tínhamos aguentado aquele tipo de tratamento tempo demais!”. Esta conhecida de Luther King, morreu, durante o sono, no dia 25 de Outubro de 2005, na sua casa, no Michigam.

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2 Comments:

At terça-feira, 31 outubro, 2006, Anonymous Anónimo said...

Ser mulher, negra, pobre e mesmo assim conseguir ter sucesso na vida é um feito assinalável. A Oprah consegui fazê-lo e por isso é um exemplo para todos nós lutarmos pelos objectivos!

 
At terça-feira, 31 outubro, 2006, Blogger Albino Luciano Tavares Silva said...

Muito obrigado pelo seu comentário.Este apareceu no texto sobre Rosa Parks e, por isso, coloquei-o no seu devido lugar: Oprah, a negra que brilha.

Ser mulher, negra, pobre e mesmo assim conseguir ter sucesso na vida é um feito assinalável. A Oprah conseguiu fazê-lo e por isso é um exemplo para todos nós lutarmos pelos objectivos!

origem: Anonymous

 

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