domingo, junho 18, 2006

Resgatar a confiança roubada

O Gana venceu a República Checa e tornou-se na primeira selecção africana a triunfar airosamente na Alemanha. Antes, Angola, ou melhor, os "palancas negras", já tinham medido forças com o México e o resultado foi um nulo para ambos os lados, mas com um sabor especial para a equipa africana.
O resultado do confronto AngolaxMéxico abriu uma nova esperança para a selecção da África austral. Deste modo, poderá Angola com alguma sorte (inspiração de Akua ou Mantoras) e ajuda das forças ancestrais (dos deuses negros) golear o irão e, caso Portugal vença o México, na quarta-feira, pode qualificar-se para os oitavos de final, a partir do goal overage. São possibilidades matemáticas, com certeza, mas, também, sabe-se que o povo mártir de Angola precisa de ganhar a auto-estima e recuperar o orgulho nacional roubado pelos canhões e tanques de guerra durante 30 anos nas matas angolanas. Por isso, nada melhor que utilizar a bola para recuperar a confiança perdida e unir uma nação sedenta de vitórias.
Até ao presente momento, as selecções africanas presentes no mundial, na Alemanha, a saber: Angola, Costa de Marfim, Togo, Tunísia e Gana praticaram um bom futebol. Angola perdeu com Portugal, com dignidade, por uma bola a zero e empatou com o México; a Costa de Marfim perdeu dois jogos, sempre com um bom futebol, embora sem a pontaria necessária dos avançados; o Gana venceu a selecção de Milam Barros; A Tunisia conseguiu um empate contra a Arábia Saudita; o Togo, infelizmente, preocupou-se mais em discutir os prémios de jogo do que o próprio jogo, ressuscitando deste modo, a triste figura de Portugal, em 2002, no mundial Corea-Japão. Fica, porém, o exemplo para outras selecções africanas que têm pretensões de estar presentes na África Sul, em 2010: primeiro joga-se, apresentando os argumentos do futebol africano, depois os prémios virão, por acréscimo.
No texto anterior, Um orgulho para todos nós, foi feito um apelo aos árbitros no sentido que serem profissionais e de não penalizarem as selecções ditas não favoritas que se encontram na Alemanha, caso das selecções africanas. Até ao momento, final da primeira fase, não houve razões de queixa, o que é, portanto, de louvar. Esperemos que assim seja até ao levantar da taça mais prestigiada do momento. Já agora uma pergunta: quem acha que vai ganhar este mundial?