sexta-feira, março 31, 2006

A (ir)responsabilidade dos Opinion Makers

A literatura da área da comunicação social está repleta de estudos sobre o poder dos indivíduos que, pelo peso do seu estatuto, são convidados a dar a sua opinião sobre os diversos acontecimentos que marcam o nosso quotidiano. Neste sentido, importa frisar que antes do aparecimento dos Media de grande difusão, caso do livro, da rádio, da televisão e da própria Internet, o poder e o alcance da mensagem expressa pelo formador de opinião, circunscrevia-se, na maioria dos casos, a um limite geográfico restrito. Situação contrária, vive-se nos dias que correm, resultado do desenvolvimento das tecnologias da informação e da difusão das mensagens.

Existe uma certa diversidade de Opinion Makers, segundo a bibliografia que aborda esta temática. Todavia, sabe-se que sofrem um processo de socialização para utilizarem a linguagem dos Media, capaz de seduzirem o público com as suas palavras, embora, o seu conteúdo, nem sempre, respeite os princípios éticos e deontológicos ou, simplesmente, a verdade dos factos.

O princípio que norteou esta reflexão, veio a propósito de uma onda de opiniões (degradantes) que têm passado nos meios de comunicação social (portugueses) em relação à escola, aos professores, e à própria pedagogia.

Importa salientar, que o facto de alguém verbalizar que o sistema educativo padece de alguns males, dado o estado em que a sociedade se encontra, constitui, simplesmente, uma redundância: é uma verdade incontestável. Precisamos sim, de propostas de melhoria. O diagnóstico social das dificuldades porque passa a escola é feita, diariamente, pelos pais, alunos, professores, cidadãos preocupados e pedagogos; de forma informal, por uns e formal, por outros. Na lista destas preocupações, encontram-se as questões da falta de motivação dos alunos; a ausência de condições de trabalho para professores e educadores; o insucesso e o abandono escolar; o desemprego, para referir, apenas, alguns dos problemas mais citados.

A forma ligeira e preconceituosa como estes problemas são abordados pelos Opinion Makers, contribui para dividir a sociedade, em vez de a unir em torno de um projecto de mudança. Essa divisão é, por vezes, aproveitada de forma pouco séria pelo Ministério da Educação, na enunciação das reformas, criando, assim, situações de alianças e coligações com (e contra) os diferentes seguimentos da sociedade, no sentido de legitimar as suas medidas (remendos) – contra os malefícios que atacam o Sistema Educativo, em particular, a escola pública.

A informação em relação aos problemas que afectam o Sistema Educativo deve constituir uma função primordial dos Media, de uma forma geral, e dos formadores de opinião, de uma forma particular. Todavia, importa lembrar-lhes que informar é diferente de doutrinar.

A criação de uma consciência colectiva no sentido de alterar o estado de degradação social em que se encontra a imagem da escola (pública) e dos actores que nela ou para ela trabalham, poderia ser um bom começo no sentido dessa transformação. Seria um contributo cívico de grande relevância prestado pela comunicação social às crianças e aos jovens, futuros dirigentes do país.