Espreitando a RTPÁfrica

Anteontem espreitei Latitudes numa viagem aos bastidores do festival de Santa Maria (ilha do Sal) e gostei do trabalho jornalístico simples e natural, dos convidados e da imagem que ficou do referido espectáculo. A qualidade do cartaz pressionou-me, bem como as palavras afáveis de Youssou N´dour que comentou a forma como vê e retrata a África nas suas canções e da Jocelyne Beroard dos Kassav (mandioca no crioulo haitiano, segundo a Wikipédia) que , por seu lado, explicou a similitude entre a Coladera (música tradicional cabo-verdiana) e os ritmos tradicionais caribenhos e a receptividade do Kouk em cabo-verde.
Como telespectador da RTPÁfrica noto uma presença repetitiva, excessiva e de déjá-vu sobre Cabo-verde e gostaria que isso fosse, unicamente, azar meu e não dos outros telespectadores. Contudo, como forma de melhorar a grelha televisiva gostaria que se investisse mais em trabalhos jornalísticos criativos como, por exemplo, reportagens e na reciclagem de alguns jornalistas e apresentadores.
Alargando o espectro da crítica para outras campos, importa salientar que a RTPÁfrica dá, por vezes, a ideia de ser uma manta de retalhos de programas das "televisões palopianas" e portuguesas o que não favorece, quanto a mim, a criação de uma identidade do canal. Longe do espaço informativo (prato forte da RTP) o que nos valha são as Conversas do Quintal do Sidónio que procura ter alguma piada.
Estamos, caro leitor, numa era em que as televisões (generalistas) devem ser para todos e para cada um, em particular. Por isso, muito trabalho espera-se dos programadores televisivos. Longe da quimera clássica entre "Interesse Público", "Interesse do Público" e o "Serviço Público" - discutido por teóricos dos da televisão - sei que o telespectador merece respeito e boa televisão. O resto é conversa.
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