segunda-feira, abril 16, 2007

No Princípio Era a Educação...

No balanço de um ano dos “Roteiros para a Inclusão”, o presidente da república portuguesa, Aníbal Cavaco Silva apontou, no sábado último, em Santarém, o dedo às causas da exclusão social em Portugal: a pobreza e as baixas qualificações. Quanto à primeira, foi apresentada um estudo que explica a ineficácia das políticas e medidas remediativas utilizadas no seu combate; em relação à segunda, reconheceu-a como um dos grandes problemas do país, algo aliás já salientado por António Guteres, Jorge Sampaio, José Sócrates e, de uma forma geral, pela generalidade dos portugueses preocupados.
Para marcar a diferença, o professor de economia, devia, quanto a mim, desafiar e patrocinar (publicamente) a criação de um consenso alargado no sentido de aumentar com soluções sérias a qualificação dos portugueses. Para esse efeito, a elaboração de uma estratégia consertada e de longo prazo – 20 anos – com metas quantificadas e avaliação regular, seria uma proposta sensata e pertinente.
Num país com ausência de hábito de planeamento, o caminho aconselhável é aprender com os mais experientes e corajosos. Um exemplo humilde de educação comparada é a Irlanda. Este investiu de forma inteligente na Educação, nas três últimas décadas e só agora está a ver os louros, ou seja, o retorno do investimento. Por esta razão, tem recebido elogios merecidos; e foi, de resto, um dos países (da união europeia) que melhor soube canalizar os rechonchudos fundos comunitários. Na mó de baixo está Portugal: as reformas (remendos) obedecem a lógicas eleitoralista: tapa buracos; o diagnóstico é (re)conhecido, mas a cura sempre adiada; gosta de fazer parte do problema e não da solução; prefere reinventar constantemente a roda, enquanto a carcaça continua a merecer arranjo.
Dizia um sábio Chinês a 3000 anos a.c: se planeares por um ano, semeia trigo; se planeares por dez anos, planta árvores; se planeares por uma vida, forma e educa as pessoas. Essa frase continua actual e, por isso, o caminho para o desenvolvimento foi ontem, hoje e sempre – a Educação. No princípio não era o discurso…era a educação.