terça-feira, março 10, 2009

A Morte Segundo Nino Vieira

Por menos digno que tenha sido a vida de um estadista o momento da sua morte deve coincidir com uma reflexão clara sobre o futuro do Estado e da sua dívida com a geração futura porque a actual, concorda-se ou não, teve o que mereceu. Contudo, depois de uma análise a quente do desaparecimento do homem, o momento que se segue deve ser de compaixão. Pois, parece pouco piedoso despedir de um morto, sem desejar, por um lado, a paz e o descanso eterno à sua alma e, por outro, enaltecer os seus dias de glória colectiva (na mobilização e na luta em torno de uma justa causa: a libertação do jugo colonial).

A contrariar esta orientação, o acompanhamento do cortejo fúnebre do malogrado presidente por uma equipa da segunda linha das relações diplomáticas (regionais, internacionais) mostra, de forma infeliz, ao povo Guineense duas realidades tristemente surpreendentes: a prova de quão insignificante era o seu chefe de Estado e que o respeito, na verdade, não se exige: conquista-se.

Para cada um de nós (cidadãos do mundo) – observadores passivos e activos dos acontecimento nacionais, regionais e mundiais – a lição da morte inesperada deste africano mostra quão cientes devemos estar dos nossos actos para que não morramos sem antes pedir, paulatinamente, perdão pelas nossas falhas sejam elas, leves, graves ou gravíssimas. Sem cultivar o respeito, nem o defunto é respeitado.

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