domingo, fevereiro 03, 2008

Afro Esperança

We have a dream: - Barack Obama president.

No ano passado, por altura do anúncio da candidatura de Barack Obama à Casa Branca, o Edukamedia posicionou-se ao lado do candidato afro-americano que quer reescrever a história dos grandes estadistas americanos, dando uma provável ajuda ao Danna Le Thomas e Henry Le Thomas (dois consagrados autores de biografias de figuras ilustres da história). Obama pretende mostrar que a cor da pele não importa, mas sim os neurónios que a colocam num lugar secundário. Com efeito, votar nele significa uma mudança no panorama socio-político que, naturalmente, comporta oportunidades e riscos.
Em primeiro lugar, convido o leitor a pensar nas oportunidades associadas a provável chegada à Casa Branca do senador de Illinois. O voto em Obama traduz uma chuva de esperança para os doze porcentos da população (negra) americana, para os milhares de hispânicos que vivem nos EUA, para os milhões de filhos de emigrantes que diariamente procuram o sonho perdido na terra prometida. A justificar esta orientação, uma provável vitória será um sinal de que podem participar activamente – e ao mais alto nível – na construção de uma nova américa que releva para segundo plano as questões de nascença. Para os negros de todo o mundo ver Obama presidente significa o testemunho da educação como veículo (de mobilidade social) capaz de mudar a sorte de um filho de áfrica nascido nas terras da emigração. Certamente, o pai de Barack Obama (já falecido) não sonhou que o filho possa vir a ser presidente, todavia o educou de modo a, por um lado, enxergar para além do seu bairro e do seu Estado (Illinois) e, por outro, praticar uma máxima do presidente JFK: antes de esperar qualquer coisa do seu país faça, primeiro, qualquer coisa por ele.
Em segundo lugar, convido, novamente, o leitor a conjecturar os riscos de um negro ser eleito presidente dos EUA. Para as pessoas ditas da “raça branca” ter um negro a comandar os destinos de uma nação poderosa significa uma digestão difícil uma vez que mexe, na sua opinião, com “a ordem natural das coisas”. A representação que se construiu do negro desde a travessia do cabo bojador ou das tormentas é a de um povo que nasceu para servir os caprichos alheios… Neste sentido, o sul dos EUA constitui uma chaga insanável por ter vivido acorrentado e regado as suas terras com o suor da desumanidade vertido pelos escravos e que Abraham Lincoln (o pai) quis pôr termo. Neste sentido, nas primárias para a eleição do candidato a candidato presidencial, os sulistas (nomeadamente da Carolina do Sul) deram um sinal claro de apoio a Obama que ganhou o embate com mais de cinquenta porcentos dos votos (maioritariamente dos eleitores negros e de um quarto dos eleitores brancos).
Para terminar está análise, o voto em Obama revela que a américa está preparada para travar a sua mais importante batalha democrática: colocar o dedo na ferida na abordagem da questão racial. Eleger um presidente para a condução de um país com uma economia à beira de um ataque de nervos, deixando de lado as questões mesquinhas como a religião e a cor da pele revela inteligência e visão de futuro. Para os mais esclarecidos não existe raça branca, nem negra, nem amarela; existe sim, a raça humana… assim vamos todos votar na pessoa, esquecendo a pigmentação da sua pele … infelizmente tudo o que diz respeito à América nos interessa – somos todos americanos. Consequentemente, I Have a Dream – de Martin Luther King – deve agregar um novo desígnio: ver um negro presidente dos EUA. O sorriso de Obama fica bem perante as câmaras, mas aconselho-o a ultrapassar a questão da cor (forma) e concentrar-se no que realmente nos interessa (conteúdo): o que pensa fazer com a herança pesada da passagem de Bush júnior pelos corredores da Casa Branca?

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