quinta-feira, setembro 27, 2007

Espreitando a RTPÁfrica

Ainda que esteja distante do nosso campo visual, a África (dos PALOP´s) entra diariamente pelas nossas casas através da RTPÁfrica. De uma forma geral, raros são os emigrantes africanos em Portugal que possuindo TV por cabo não espreitam assiduamente a RTPÁfrica, sem deixar, obviamente, de fazer juízos de valor sobre a sua grelha de programação. O Repórter África e o África Global são, quanto a mim, dois programas excelentes da referida estação televisiva (e que gozam de um consenso alargado). Músicas d´África, Masseves e tantos outros programas encontram-se na minha lista negra, não pelo conteúdo dos mesmos, mas sim, pela fraca qualidade de apresentação, apesar de ser notório alguns retoques tímidos.
Anteontem espreitei Latitudes numa viagem aos bastidores do festival de Santa Maria (ilha do Sal) e gostei do trabalho jornalístico simples e natural, dos convidados e da imagem que ficou do referido espectáculo. A qualidade do cartaz pressionou-me, bem como as palavras afáveis de Youssou N´dour que comentou a forma como vê e retrata a África nas suas canções e da Jocelyne Beroard dos Kassav (mandioca no crioulo haitiano, segundo a Wikipédia) que , por seu lado, explicou a similitude entre a Coladera (música tradicional cabo-verdiana) e os ritmos tradicionais caribenhos e a receptividade do Kouk em cabo-verde.
Como telespectador da RTPÁfrica noto uma presença repetitiva, excessiva e de déjá-vu sobre Cabo-verde e gostaria que isso fosse, unicamente, azar meu e não dos outros telespectadores. Contudo, como forma de melhorar a grelha televisiva gostaria que se investisse mais em trabalhos jornalísticos criativos como, por exemplo, reportagens e na reciclagem de alguns jornalistas e apresentadores.
Alargando o espectro da crítica para outras campos, importa salientar que a RTPÁfrica dá, por vezes, a ideia de ser uma manta de retalhos de programas das "televisões palopianas" e portuguesas o que não favorece, quanto a mim, a criação de uma identidade do canal. Longe do espaço informativo (prato forte da RTP) o que nos valha são as Conversas do Quintal do Sidónio que procura ter alguma piada.
Estamos, caro leitor, numa era em que as televisões (generalistas) devem ser para todos e para cada um, em particular. Por isso, muito trabalho espera-se dos programadores televisivos. Longe da quimera clássica entre "Interesse Público", "Interesse do Público" e o "Serviço Público" - discutido por teóricos dos da televisão - sei que o telespectador merece respeito e boa televisão. O resto é conversa.

Etiquetas: