quarta-feira, maio 30, 2007

A Ota do Lino

O ministro dos transportes, Mário Lino, disse que a margem sul é um "Deserto" e logo a seguir, desdobrou-se a pedir desculpas. Se o mundo fosse perfeito e se Portugal fosse um país "mesmo democrático", como afiança a sua constituição, o governante já estaria, a esta altura, demitido. Pois, faltou o respeito a 450 mil pessoas, por considerá-las camelo e a milhares de doentes – vítimas do cancro do pulmão – que, diariamente, "fazem das tripas o coração" para vencerem a doença.
Além da certeza da demissão, Mário Lino, certamente, já teria respondido, em sede própria, a algumas questões pertinentes:
Quem são os donos dos terrenos na zona da Ota?
Qual é o interesse do ministro em considerar a construção de um novo aeroporto como um assunto pessoal – num país corrupto – quando estão milhões de euros em jogo?
Quanto é que eles e os seus acólitos vão lucrar com a construção da referida infra-estrutura aeroportuária, na Ota?
Que prejuízos terá o país, ou seja, os contribuintes se o novo aeroporto for construído na margem sul?

Sabe-se que na escolha entre a Margem Norte e a Margem Sul, o norte, normalmente, vence; o sul, quase sempre, perde. É o destino. É a realidade. Será justo que assim seja? Não! Mas a vida é assim: injusta. Porém, baixar a guarda e aceitar tudo como fatalidade do destino é sinal de fraqueza. A grandeza de uma nação ou de uma região está na valentia e "garra" das suas gentes. Por isso, vamos à luta.
Afim de contrariar a inércia, a margem sul – terra fervorosa do sindicalismo de outros tempos e de gente trabalhadora e honesta – devia sair dos búncaros e fazer uma manifestação para restaurar a sua dignidade ferida e saber, exactamente, porque razão fica ou ficará à margem do novo aeroporto.
A nova travessia sobre o Tejo – para se poder cumprir os limites de poluição do tratado de Quioto – será, unicamente, ferroviária, diz o Governo nas entrelinhas. Todavia, a população ficará a ver os comboios a passarem e, por isso, reclama por novas e melhores acessibilidade. Os barcos da Soflusa/Transtejo e os TCB fazem greve dia sim, dia sim; os TST e a Fertagus são exemplos a não seguir. Entre as alternativas de transportes actualmente existentes, que venha o diabo e as escolhe…mas os do "deserto", fazem-na, com frustração, todos os dias. Como dizia um tal Mário – futebolista e trapalhão – Porque será?

terça-feira, maio 22, 2007

A Última Aula

Freitas dá a sua última aula e aponta dedo à Pedagogia
1970 foi um marco na vida do cidadão Diago Freitas do Amaral. Deu a sua primeira aula na faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa. Hoje, volvidos 37 anos, o professor dá a sua última aula (rodeado de famosos) na reitoria da Universidade Nova de Lisboa. Em entrevista à RTp disse que sentiu nervoso na primeira aula e que hoje sente, sobretudo, a saudade desse tempo.

Freitas do Amaral teve um percurso de vida notável. Puxando pela memária, sem recorrer a cábulas, o Edukamedia relembra alguns degraus da sua longa caminhada. Foi Presidente da Assembleia Geral da ONU; Figurou na lista das 100 figuras (investigadores) mais citadas a nivel mundial; Teve um papel preponderamente no melhoramento e adaptações de manuais de Direito (administrativo), em Portugal, depois da mudança do regime político, em Abril de 1974; Foi derigente partidário (do CDS-PP); Ministro da Defesa; e, surprendeu Portugal, quando, há dois anos, integrou o governo Socialista, como Ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, a convite de José Sócrates.

O Edukamedia, ciente das preocupações pedagógicas e do saber ganho com os anos de prática docente, foi espreitar a entrevista concedida pelo Prof. Freitas ao jornal diário, Correio da Manhã, ontem publicada. Na entrevista ao salientar as qualidades de um bom Professor, disse:

A regra nº1 da Pedagogia [ou melhor Didática] é ensinar de forma a que os alunos compreendam, sem utilizar palavras de tal forma herméticas e incompreensiveis que (...) tenham que ir para casa passar horas no dicionário.
O edukamedia deseja ao docente que, neste momento, encera a sua vida académica, votos de uma vida longa; que tenha tempo suficiente para escrever as suas memórias. Um bem-haja.

domingo, maio 06, 2007

Universidades na Mira de Gago

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) liderado por Mariano Gago, pretende colocar os estudantes do ensino superior no centro do processo educativo e, para esse feito, aposta no Novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, apresentado ontem na reunião extraordinária do conselho de ministros, em Évora. A medida ora anunciada, abrange a autonomia das universidades e politécnicos; a gestão das instituições; o ordenamento da rede pública e definição das condições para a criação, renovação e transformação de estabelecimentos do ensino superior.
Segundo Mariano Gago, citado pela Agência Lusa, “a proposta [apresentada] eleva os níveis de exigência na qualificação do seu pessoal (sobretudo docente) à partida, quando um determinado estabelecimento é autorizado a funcionar, mas também, ao nível de reavaliação das condições de funcionamento”. A definição de padrões internacionais como meta a obedecer pelas instituições do ensino superior, constitui um dos requisitos apontado pelo governante.
Na base desta medida (reforma) encontra-se a avaliação que a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) tem feito às universidades portuguesas durante o ano 2006. Esta prestigiada instituição educativa, sugeriu ao governo português – à luz das boas práticas internacionais – áreas de melhoria das Universidades de modo a criarem condições de competitividade e de excelência. Porém, como qualquer solução importada, a prudência aconselha aguardar (de forma vigilante) pela sua implementação e zelo no seu cumprimento.
Depois da abertura desmesurada das universidades (sobretudo privadas) na década de 90 – segundo lógicas puramente mercantilistas, sem qualquer controlo pedagógico, sem uma estratégia coerente de desenvolvimento local – com esta medida, o governo pretende reactivar o papel regulador e avaliador (ambos em crise) conferido ao Estado nas economias de tendência neoliberais.
O ímpeto reformista do governo (liderado por José Sócrates) aliado ao processo de Bolonha têm gerado desemprego e mal-estar nas universidades e politécnicos – e as perspectivas futuras são pouco animadoras. Com esta medida, exigência novas são feitas às instituições (sobretudo públicas). São forçadas a melhorar já que o sucesso dos estudantes influencia directamente o bolo orçamental atribuído pelo governo. Todavia, temas como bolsas de estudos e propinas ficaram, incompreensivelmente, de fora.

Etiquetas: