domingo, dezembro 31, 2006

Globalização Cultural:ameaça de um perigo silencioso

O planeta em que vivemos é uma torre de Babel, em sentido figurado. Nele vivem dezenas de povos, milhares de etnias, milhões de culturas. Cada povo com a sua língua, cada comunidade com a sua forma de expressão, fazem desta miscelânea da diferença, um espectáculo de luzes, impressionante. Foi esse o mundo em que milenarmente viveram os nossos antepassados e, mais recentemente, os nossos avós e herdamo-lo, hoje, em decadência acelerada.
Actualmente, as culturas, as línguas, bem como, as formas de expressões locais estão a ser ameaçadas por um fenómeno recente e silencioso, chamado de globalização, fruto do parto (forçado) da economia de escala, do capitalismo doentio. Decorrente deste facto, a heterogeneidade das culturas e modos de vivência, estão a ser, paulatinamente, aniquilados por uma homogeneidade preocupante: pouco difere o local do global. A presença de fenómenos culturais dominantes, nomeadamente americanos, ingleses e franceses fazem parte do nosso quotidiano, cada vez mais, com maior intensidade e visibilidade. Neste rol, encontram-se, à título de exemplo, as comidas de plástico, os grandes centros comerciais, as marcas que recorrem ao trabalho infantil na China, Tailândia, Indonésia, e, já agora, no vale do ave, no norte de Portugal (segundo o semanário Expresso).
A justificar esta tendência globalizadora, podemos apontar, como exemplo, a presença, cada vez maior, de emissões televisivas a vender sonhos e ilusões aos pobres que pretendam ser ricos e polidos; de jovens que apontam a fama como profissão; de orientais simpatizantes (forçados) do estilo de vida ocidental; da publicidade que vende o consumismo a quem o pode comprar e, sobretudo, aos que são capazes de tudo fazer para poderem estar "In" ou "fashion", apresentando, por isso, objectos materiais (óculos de sol, jeans, jóias, carros, telemóveis) como se de conquistas de uma batalha importante se tratassem. Factos que mostram, ao contrário da perspectiva que se pretende apresentar, quão pobres, na realidade, são os seus detentores e a sociedade em que vivem.
Apesar deste discurso fatalista, não pense o leitor que o autor deste texto dispensa uns bons óculos de sol ou uns bons jeans. Na verdade, ninguém os dispensa, por mero capricho. Mas, o importante, mais importante do que dizem os óculos de sol e a roupa que a pessoa usa, é a sua inteligência quando abre a boca, quando fala, quando comunica. Esta poderá, eventualmente, dizer tudo: se foi comprado (com maior ou menor sacrifício), roubado ou, até, emprestado. Num programa televisivo (talk-show), de audiência mundial, The Oprah Winfrey Show sobre as classes sociais na américa, ficou nítido que a aparência é, pela razão atrás apontada, um dos elementos menos seguros na categorização de classes sociais: há ricos discretos e pobres opulentos e vice-versa. Pelo contrário, adiantou um dos convidados, um homem próximo de Bill Clinton, na casa branca, especialista em políticas sociais, que a qualidade de educação e de oportunidade de desenvolvimento que tivemos e que podemos dar aos nossos filhos (e familiares?) é que constituí, num país como os Estados Unidos da América, a verdadeira prova dos nove do que, na realidade, fomos e/ou somos, ao nível de classes sociais.
No país periférico em que vivemos (eu e, provavelmente, o leitor), a realidade tende a ser semelhante à dos EUA. Endivida-se até ao umbigo, vende-se falsamente uma aparência de abundância, poucos preocupam-se com o seu passado e com o futuro educativo dos filhos. No passado construiu-se castelos, hoje, compram-se carros…o que importa é o hoje: a gasolina para o carro e telemóveis de última geração; o amanhã é o futuro e este encontra-se distante para merecer a nossa inquietação… Contudo, somos mais do que aquilo que podemos comprar ou tomar fiado. Temos espírito (o que nos torna humanos) e este não vive, unicamente, dos bens materiais.
Notas de Rodapé.
Decidi finalizar este texto, depois de ter entrado numa livraria na baixa pombalina, Lisboa e consultado a estante de Marketing e Publicidade. Encontrei ali, dois livros que merecem a atenção do leitor. Este Consumo que Nos Consome: olhares sobre a sociedade de consumo, de Beja dos Santos (professor do ISLA e Universidade Nova) e Anúncios à Lupa: ler a publicidade, do crítico da televisão e publicidade, Eduardo Cintra Torres. As duas obras foram editadas em 2006. A primeira com a chancela da Campo das Letras e a segunda com a da Bizâncio. Boas leituras para 2007.

domingo, dezembro 24, 2006

Boas Festas aos Nós da Rede


Votos de um Feliz Natal a todos aqueles que por utilizarem a Internet fazem com que haja, todos os dias, Nós na Rede. Em tempos natalícios (para os cristãos), nunca é de mais relembrar os valores axiais como a amizade e a partilha. O verdadeiro "Natal", aquele que não passa pelos grandes centros comerciais, filas e correias de última hora à procura do presente ideal ou possível, acontece 365 (ou 366) dias por ano. Por isso, ontem (foi), hoje (é), amanhã (será) "Natal" sempre que cativemos alguém, ao estilo, por exemplo, da Raposa e do Principizinho, em o Principizinho, de Saint-Exupéry.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

E se Cabo-verde Fosse uma Mulher…

As muitas feias que me perdoem, mas a beleza é fundamental.
Vinícus de Morais
Cabo-verde, um arquipélago formado por “dez grauzinhos de terra espalhados, por Deus, no meio do mar” [do oceano atlântico], canta a miss crioula, Cesária Évora. Jorge Barbosa, por seu lado, realça, no poema Prelúdio, de uma forma nua, a realidade destas ilhas antes da chegada dos portugueses, no século XV. Não havia gente. O cabo-verdiano, ainda, não tinha nascido, exalta o poema. Sem ouro, sem petróleo e, sobretudo, sem a preciosa chuva, a maior riqueza das ilhas viria a ser descoberta anos mais tarde, o próprio cabo-verdiano. Este, é fruto de reencontro de várias culturas, origens e confluências sanguíneas que o confere uma identidade singular: afro, euro e atlântica.
O padre António Vieira, disse um dia, na cidade velha, a primeira cidade portuguesa fundada nos trópicos, que viu, nesta cidade (Ribeira Grande), “pessoas tão negras como azeviches, mas tão inteligentes que até faziam inveja aos doutos do reino”. Esta tirada, em estilo de sermão, do mais consagrado orador católico português, reafirma a singularidade da inteligência dos cabo-verdianos. Todavia, este texto pretende ser uma dissertação, sintética, sobre a beleza singular de Cabo-verde.(...) Si nha terra tinha chtuba, cima tem “criolas” bunitas (…) estrofe de uma canção do cantor são-vicentino, Gracy Évora, a enaltecer, por um lado, a riqueza crioula (a beldade das cabo-verdianas) e, por outro, a sua maior fonte de pobreza, a falta de chuva.

Imaginemos, por alguns instantes… e se (CV) ela fosse uma mulher… como é que ela seria? Eu sou um apaixonado confesso desta pérola atlântica, mas como sabem os apaixonados não prestam: não têm objectividade; pintam tudo à cor-de-rosa. Por isso, provada a minha desinteligência, gostaria que o leitor, cabo-verdiano; amigo de Cabo-verde; admirador; visitante; emigrante, ou que, simplesmente, conviveu ou convive com cabo-verdianos, que me ajudasse a finalizar esta frase, curta, mas com um final imprevisível… E SE CABO-VERDE FOSSE UMA MULHER…

Para participar, é fácil, basta querer e escrever um texto sintético acerca da frase em questão. No final, indique, o seu primeiro e último nome, caso queira ser identificado, ou, simplesmente, a profissão ou, ainda, expressando a sua relação com Cabo-verde. Quando tudo estiver a postos, envie-o para edukamedia@hotmail.com e será publicado na íntegra neste espaço: www.edukamedia.blogspot.com.

Pretendo reunir, num só espaço, tudo o que me for enviado. Por isso, toque a escrever que nós, os apaixonados, estamos a ficar ansiosos para vermos como será descrita a nossa amada.